Com uma história singular e milenar, a Armênia já teve várias formas de expressão de sua soberania, que incluíram, nesses mais de 4 mil anos de existência, reinos medievais, diferentes dinastias e a República Democrática da Armênia. Esta, ao conquistar sua independência no dia 28 de maio de 1918 do Império Russo, se tornou a primeira expressão de soberania armênia desde 1375!
Formada após a heroica vitória na Batalha de Sardarapat, a República Democrática da Armênia durou até 1920, quando foi anexada à União Soviética. Embora, infelizmente, tenha durado apenas três anos, ela representa o testemunho da perseverança e coragem do povo armênio.
O movimento de independência dos armênios em 1918 foi o precursor que possibilitou que em 1991 fosse conquistado o direito de uma Armênia soberana e livre de existir, a República da Armênia, no qual comemoramos hoje, dia 21 de setembro de 2021, os seus 30 anos de independência!
Para conquistar a tão sonhada independência, o caminho armênio começou anos antes: com a ascensão ao poder do líder soviético reformista Mikhail Gorbachev, em 1985, e após anos de opressão por parte do Azerbaijão e líderes soviéticos, os armênios de Artsakh organizaram em 1988 um movimento popular democrático, o Movimento Karabakh (link-notícia-movimento Karabakh). Este movimento foi liderado por Levon Ter-Petrosyan e cresceu a ponto de se tornar uma organização popular democrática, o Movimento Nacional Armênio.
Após décadas de dominação soviética e, mais do que isso, respeitando o desejo de todos os armênios, no dia 23 de agosto de 1990 o Conselho Supremo da República Socialista Soviética da Armênia assinava a Declaração da Soberania Estatal da Armênia, que significava que a Armênia anunciava sua independência da União Soviética.
Essa declaração foi assinada por Levon Ter-Petrosyan, que se tornaria o primeiro presidente da República da Armênia, e por Ara Sahakian, o então Secretário do Conselho Supremo. A declaração continha 12 itens, entre eles: o direito do retorno para armênios da diáspora (a Armênia Soviética era muito fechada para o mundo exterior, inclusive para armênios), a renomeação do país para República da Armênia, o estabelecimento do armênio como idioma oficial e o apoio ao reconhecimento do Genocídio Armênio (link – seção história) de 1915 na Turquia Otomana e na Armênia Ocidental. Mais do que isso, ela serviu como base para o desenvolvimento da Constituição da Armênia, que foi primeiramente adotada em julho de 1995 e alterada em 2005.
Meses depois, no dia 21 de setembro de 1991, ocorreu um referendo em todo o país sobre a libertação armênia da União Soviética, que foi possível, também, no contexto da flexibilização das restrições de Moscou, que vinha acontecendo nos anos anteriores, o que levou ao colapso da União Soviética no dia 25 de dezembro em 1991. Felizmente, a República da Armênia foi aceita como membro pleno da comunidade internacional como um Estado soberano.
Entre 1991 e 1993, diversos eventos marcantes aconteceram na nova Armênia independente: em outubro de 1991 foram realizadas as primeiras eleições democráticas, além de ter sido realizado a primeira sessão do parlamento armênio; no mesmo ano, a estátua de Vladimir Lenin foi removida, dando lugar ao Monumento Mãe Armênia, em Yerevan, e deixando para trás o passado sob ocupação soviética; já em 1992, a Armênia foi aceita como membro da Organização das Nações Unidas, seu exército foi criado e a primeira edição de um selo armênio foi lançado; e em 1993, a Armênia emite sua própria moeda nacional, o dram.
Mas nem tudo foram flores nesses primeiros anos após sua independência: muitos desafios foram enfrentados, como a Primeira Guerra de Nagorno-Karabakh, que mesmo vencida pela Armênia, custou a vida de milhares de armênios, e o fechamento de suas fronteiras e bloqueios econômicos por parte do Azerbaijão e Turquia, que atrapalharam o desenvolvimento econômico do país.
Entre conquistas e dificuldades em seus primeiros anos, a Armênia contou com a ajuda da UGAB e toda sua rede global, além de ter no país, com um trabalho constante em prol de todos, a UGAB Armênia.
O passo dado pelos armênios 30 anos atrás – e muitos anos antes – em busca de sua independência foi corajoso e ousado, mesmo que fosse rumo ao desconhecido. Porém, esse novo capítulo de soberania, que celebramos hoje e todos os dias, é um trabalho ainda em andamento, contínuo, que visa desenvolver e manter em paz e segurança aquilo que a Armênia é: o lar nacional e porto seguro para todos os armênios presentes em todos os cantos do mundo.
Hoje, que também é o feriado mais importante da Armênia, desejamos a todos um todos um Feliz Dia da Independência, ou, em armênio, um Շնորհավոր անկախության տոնը! Que possamos – e iremos, nós e as futuras gerações – celebrar muitas vezes essa data tão importante para a Armênia e seu povo!
Viva a Armênia!