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Antigos Deuses Armênios

Como sabemos, a Armênia foi o primeiro país no mundo a adotar o Cristianismo, em 301, sob ordem do Rei Tirídates III. Mas, antes disso, o povo armênio adorou, por séculos, deuses da mitologia armênia.

A mitologia da antiga Armênia é uma rica mistura de tradições indígenas com ideias importadas de culturas vizinhas. Essas lendas e histórias ajudaram a explicar fenômenos naturais, forneceram uma explicação das origens do povo armênio e comemoraram eventos históricos importantes, como guerras e invasões.

E essas crenças, religiões, culturas e mitologias pré-cristãs foram formados em diferentes estágios da formação do povo armênio, com o desenvolvimento da religião na Armênia podendo ser dividido em três estágios: as crenças características das tribos primitivas, as crenças das primeiras formações de um estado e as características das formações de um estado já desenvolvido.

As pessoas primitivas divinizaram os fenômenos e objetos naturais, bem como as conexões entre as pessoas e a natureza. A espiritualização das montanhas, da água, dos corpos celestes, a apropriação das qualidades humanas aos animais, pertencem a este período. Assim, por exemplo, Ararat e Aragats, as montanhas armênias, eram irmãs; o sol era representado como um pássaro com um anel no bico – ou, muitas vezes, era representado como um menino ou uma menina –; a Via Láctea era uma trilha de leite ou um feno roubado, entre vários outros exemplos.

 

Monte Ararat e Aragats, montanhas consideradas irmãs pelos armênios antigos

Deuses

Porém, com séculos de história e diferentes estágios de desenvolvimento da religião, a religião pagã armênia ficou famosa por nove deuses principais, além de outras divindades. Os cultos dos deuses armênios concentravam-se principalmente em três regiões da Armênia:

  • Bartsr Hayk (Alta Armênia), onde havia templos dedicados a Aramazd, Anahit, Nane, Mihr, Barsham;
  • Taron, onde ficavam os templos de Vahagn, Anahit e Astghik;
  • Vale Ararat, onde ficavam os templos de Tir e Anahit.

Além destes centros principais, havia também pequenos centros por toda a Armênia.

E essas divindades são:

Arazmad

Mestre de todos os deuses armênios, o pai de todos os deuses e deusas, o criador do céu e da terra. Ele era chamado de “Grande e corajoso Aramazd”. Aramazd era a fonte da fertilidade da Terra, tornando-a fecunda e abundante. A celebração em sua homenagem chamava-se Am’nor, ou Ano Novo, que era celebrada em 21 de março no antigo calendário armênio (também o equinócio da primavera).

Estátua representando Aramazd (à frente), o principal deus da mitologia armênia

Anahit

 Anahit era a deusa armênia mais amada e honrada. Ela era a deusa-mãe e filha ou esposa de Aramazd. Anahit foi esculpida com a criança nas mãos com penteado específico de mães ou mulheres armênias e foi chamada de “Grande Dama Anahit”. Os antigos armênios acreditavam que o mundo armênio existia por vontade dela, existe e eternamente existirá. Ela era o culto da maternidade e da fertilidade. Antes de missões importantes, os reis armênios pediam a ela proteção e saúde.

Apenas a deusa Anahit tinha templos em todas as regiões da Armênia, o que confirma o seu importante papel e poder de culto. E segundo o historiador grego Plutarco, o templo de Eriza (atual Erzican, na Turquia) era o mais rico e nobre de toda Armênia; o templo foi saqueado e a estátua de Anahit foi destruída por soldados romanos durante a invasão de Marco Antônio à Armênia.

Cabeça da estátua da deusa Anahit, que foi destruída pelos romanos; hoje, a cabeça está no Museu Britânico

Vahagn

Vahagn é o deus do fogo, trovão e relâmpago. Ele era retratado como um jovem com cabelos e barba de fogo e olhos que brilham como o sol. Vahagn nasceu durante uma luta tempestuosa do universo a partir de um junco escarlate. Imediatamente após o nascimento, ele lutou e derrotou dragões (vishaps) e salvou o universo do perigo de destruição.

Constituía, com Aramazd e Anahit, a santa e divina trindade.

 

Estátua localizada em Yerevan representando Vahagn, o matador de dragões

Astghik

A deusa do amor, da beleza e da água. Ela era a esposa ou amante de Vahagn. O templo de Astghik, localizado em Astishat, era chamado de “a sala de Vahagn”; foi lá que ela o conheceu.

Suas estátuas eram esculpidas sem roupa, como uma bela jovem nadando. A celebração em sua homenagem ocorria em meados de junho e foi chamada de Vardavar, uma celebração tradicional na Armênia que acontece até os dias de hoje, onde as pessoas jogam água umas nas outras.

 

Selo comemorativo armênio homenageando a deusa Astghik

Nane

 Nane é filha de Aramazd, cujo culto está intimamente ligado ao culto de Anahit – os seus templos eram localizados próximos. Até os dias de hoje as pessoas na Armênia chamam suas avós de Nane, o que indica sua ligação com a deusa mãe Anahit e sua grande honra entre as pessoas.

Ilustração da deusa Nane feita pelo artista Starkall

Mihr

Mihr é o deus da luz e do sol do céu, filho de Aramazd. O único templo pagão na Armênia que sobreviveu até nossos dias é o Templo de Garni, que é dedicado a Mihr. Os feitos e o nome de Mihr, com algumas alterações, são preservados no épico “David de Sassoun”, representado pelos Grandes e Pequenos Mhers.

 

Templo de Garni, criado em homenagem ao deus Mihr, é o único templo pagão que ainda existe na Armênia

Tir

O deus da sabedoria, da ciência e dos estudos. Também foi intérprete de sonhos e secretário de Aramazd. Um dos templos de Tir estava localizado perto de Artashat e era chamado de “Aramazds grchi divan” ou “Mehyan para estudar ciências”.

Cabeça de estátua milenar representando o deus Tir

Barsham

O culto a este deus veio da Assíria para a Armênia. Não há informações sobre suas funções na mitologia armênia, mas sabe-se que foi exatamente dele que Vahagn roubou o feno e o espalhou pelo céu, formando, assim, a Via Láctea.

Spandaramet ou Sandaramet

O deus do subterrâneo. Ele era o deus do reino dos mortos ou inferno.

Tsovinar

A deusa da água, do mar e da chuva. Ela era uma criatura de fogo, que forçou a chuva e o granizo a cair dos céus com sua fúria.

 

Estátua na Armênia em homenagem à deusa Tsovinar

Amanor e Vanatur

Amanor era o deus do ano novo dos armênios e senhor da nova colheita. A celebração em sua homenagem ocorria no final de junho e foi chamada de Navasard (ano novo). Seu culto principal estava localizado na cidade de Bagavan. Se Amanor era o deus do ano novo e da nova produção, Vanatur era o deus da hospitalidade e dos anfitriões abundantes.

Demeter e Gisane

Eles são divindades gêmeas, ancestrais divinizados pelas tradições medievais. Príncipes dos indianos que se rebelaram contra o seu rei e encontraram abrigo na Armênia. O rei armênio Vagharshak concedeu-lhes o principado de Taron, onde, após a morte, são deificados e retratados como de pele escura e cabelos compridos, como os hindus. A homenagem a essas divindades está associada à água.

 

Aralezs

Deuses mais antigos do panteão armênio, os Aralezs eram deuses na forma de cães, cujos poderes incluíam a capacidade de ressuscitar os mortos lambendo suas feridas para realizar uma limpeza.

 

 

 

Ilustração de um Aralez

 

E uma coisa é certa: a Armênia tem uma das histórias mais ricas e únicas da humanidade!

 

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