Dia Nacional das Forças Armadas da Armênia

Hoje, 28 de janeiro, é celebrado o Dia Nacional das Forças Armadas da Armênia, que comemora a formação, em 1992, daqueles que defendem a Armênia. As Forças Armadas da República da Armênia (em armênio: Հայաստանի Հանրապետության զինված ուժեր; transliterado: Hayastani Hanrapetut’yan zinvats uzher) podem ser divididas em duas formas: as forças terrestres e a força aérea – por não ter acesso ao mar, a Armênia não tem marinha. E apesar do exército atual ter sido formado apenas em 1992, ele pode ser rastreado até a fundação da Primeira República da Armênia, em 1918. Porém, hoje, apenas falaremos do exército moderno e de seus 33 anos de história. Brasão das Forças Armadas da Armênia Formação e desafios iniciais (1991 – 1994) O Exército moderno da Armênia nasceu da necessidade no início dos anos 1990, quando o país emergiu do colapso da União Soviética e se viu diante de ameaças existenciais imediatas, principalmente em conflitos com o vizinho Azerbaijão, que clamava o território armênio de Artsakh (Nagorno-Karabakh). Sua formação e desenvolvimento estão profundamente ligados a esse conflito, que foi uma importante luta pela autodeterminação da população armênia da região e se tornou uma característica definidora da história pós-independência da Armênia. Soldado armênio durante a Primeira Guerra de Nagorno-Karabakh, em 1991 Quando a Armênia declarou sua independência em 21 de setembro de 1991, o país herdou da União Soviética uma situação de segurança precária. O novo Estado não possuía um exército organizado e, além disso, suas fronteiras estavam sob ameaça do vizinho Azerbaijão, que estava envolvido em uma guerra em grande escala por Artsakh. O conflito havia começado em 1988, quando a população majoritariamente armênia de Nagorno-Karabakh, uma região autônoma dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão, buscou se unir à Armênia ou buscar sua independência. Porém, graças aos ataques por parte do Azerbaijão, a escalada se transformou em um conflito. Em resposta, a Armênia começou a formar seu exército nacional a partir dos remanescentes das unidades militares soviéticas estacionadas em seu território. Muitas dessas unidades estavam subequipadas e com poucos efetivos, mas serviram como base para o recém-formado Exército da Armênia. Recém-formado Exército da Armênia, ainda em seus estágios iniciais Voluntários, incluindo veteranos da Guerra Soviética no Afeganistão, desempenharam um papel crucial nos primeiros estágios de desenvolvimento do exército. O governo também estabeleceu o Ministério da Defesa em 1992, com Vazgen Sargsyan, um proeminente líder militar, à sua frente – anos depois Sargsyan se tornou Primeiro-Ministro. Vazgen Sargsyan, o primeiro Ministro de Defesa da Armênia Como mencionado acima, o primeiro grande teste do Exército Armênio ocorreu durante a Primeira Guerra de Nagorno-Karabakh (1988-1994). Lutando ao lado das forças da autoproclamada República de Artsakh (Nagorno-Karabakh), o Exército Armênio enfrentou um exército azerbaijano melhor equipado, que era apoiado por mercenários estrangeiros e recursos externos. Apesar das desvantagens, as forças armênias alcançaram vitórias significativas, como a captura de Shushi em 1992 e a defesa de Lachin, que garantiu um corredor vital conectando a Armênia a Artsakh. A guerra culminou em uma vitória decisiva da Armênia em 1994, após um cessar-fogo mediado pela Rússia. Naquele momento, as forças armênias não apenas haviam garantido o controle de Artsakh, mas também ocupado vários territórios ao redor. Essa vitória solidificou a reputação do Exército Armênio como uma força combatente capaz e determinada, mas também deixou o país em um estado de conflito prolongado com o Azerbaijão. Porém, o que importava era uma Artsakh autônoma e livre, como queria o povo armênio que lá vivia há milhares de anos. Modernização (1994 – 2020) Nos anos que se seguiram ao cessar-fogo, o Exército Armênio passou por reformas significativas e um processo de modernização. O governo priorizou os gastos com defesa, alocando uma parcela substancial do orçamento nacional para o setor militar. Esse investimento permitiu que a Armênia adquirisse novos equipamentos, melhorasse o treinamento e fortalecesse suas capacidades defensivas. Esse movimento era importante, já que o Azerbaijão continuava com suas ameaças. Por isso, durante esse período, o Exército Armênio concentrou-se em manter uma postura defensiva ao longo da Linha de Contato com o Azerbaijão, que permaneceu tensa apesar do cessar-fogo. Confrontos em menor escala na fronteira era comum, mas nunca haviam acabado. Em 2014, por exemplo, 33 armênios morreram por esses conflitos. E mesmo com as constantes ameaças e ataques do Azerbaijão, o Exército Armênio também desempenhava um papel fundamental no apoio à República de Artsakh. Exército da Armênia em 2014, em treinamento com o Exército de Artsakh Segunda Guerra de Nagorno-Karabakh (1920) A relativa estabilidade do período pós-guerra foi abalada em setembro de 2020, quando o Azerbaijão lançou uma ofensiva em grande escala contra Artsakh – o Azerbaijão foi apoiado pela Turquia e tinha equipamentos modernos, todos fornecidos por Israel. O conflito, chamado de Guerra dos 44 Dias, foi um lembrete brutal dos desafios diários enfrentados pelas Forças Armadas da Armênia. Apesar da resistência feroz, as forças armênias e de Artsakh foram superadas pelo poder de fogo do Azerbaijão, que contou com extenso uso de drones e de artilharia de longo alcance. A guerra terminou em novembro de 2020 com um cessar-fogo mediado pela Rússia. Infelizmente, os armênios de Artsakh perderam importantes cidades, como Shushi. Vale lembrar que o ataque do Azerbaijão se deu no auge da pandemia da COVID-19, o que foi um duro golpe para a Armênia, já que tinha que lidar com o conflito e o vírus. Além disso, armênios de outras partes do mundo não puderam defender a Pátria Armênia, devido às restrições da pandemia. Uma das fotos mais simbólicas do conflito de 2020 Desafios pós-2020 Após o conflito e derrota de 2020, a Armênia embarcou em um programa abrangente de reformas militares. O governo reconheceu a necessidade de modernizar o exército, melhorar seu treinamento e equipamento e corrigir as deficiências expostas durante o conflito. As principais iniciativas incluíram: Aquisição de Novos Sistemas de Armas: A Armênia começou a diversificar suas fontes de equipamentos militares, adquirindo drones, mísseis antitanque e outros sistemas avançados de países como a Índia e a Rússia. Fortalecimento da Defesa Aérea: