A Armênia e seus vulcões

A Armênia, apesar de atualmente ser um país relativamente pequeno, tem uma geografia impressionante e, dentre os destaques, estão diversos vulcões. E o mais impressionante: em muitos desses vulcões você pode fazer trilhas e visitá-los para ver as impressionantes vistas.

Porém, nem todos os vulcões se encontram na Armênia atual, mas todos fazem parte do planalto armênio.

Planalto Armênio

O Planalto Armênio, muitas vezes chamado de “Teto do Mundo”, é uma maravilha geológica que há séculos fascina cientistas, pesquisadores e aventureiros. Essa região única se destaca como uma ilha montanhosa, distinta dos planaltos vizinhos da Anatólia e do Irã. Sua estrutura complexa e sua história geológica dinâmica fazem dela um ponto de interesse para o estudo de atividades vulcânicas, movimentos tectônicos e a formação de cadeias de montanhas.

Imagem do Monte Aragats, o pico mais alto em território armênio

A Formação do Planalto Armênio

O Planalto Armênio foi moldado por intensos processos geológicos que começaram há milhões de anos. Esses processos fazem parte do chamado orogenia alpina, que deu origem a muitas das cadeias montanhosas da Europa e da Ásia. Conforme o nível do mar diminuía gradualmente, a geossinclinal (uma grande depressão na crosta terrestre) começou a se elevar, transformando-se em uma região montanhosa. Esse levantamento foi acompanhado por erupções vulcânicas dramáticas, que contribuíram para a formação de uma topografia única da área.

As forças geológicas que moldaram o Planalto Armênio ainda estão ativas hoje, como evidenciado pela presença de vulcões ativos como Tondrak e Nemrut (Sarakn). Esses vulcões não são apenas maravilhas naturais, mas também janelas para o interior da Terra, oferecendo um grande conhecimento sobre a atividade tectônica contínua na região.

Apesar de a Armênia ter muitos vulcões, nem todos são ativos. Para um vulcão ser classificado como “ativo”, ele deve ter entrado em erupção nos últimos 10 mil anos, liberado gases ou mostra sinais de atividade vulcânica periódica. O Planalto Armênio abriga vários desses vulcões, cada um com sua própria história e características fascinantes.

Vayotssar: mito ou verdade esquecida?

Um dos picos mais intrigantes do Planalto Armênio é o Vayotssar, uma montanha de 2.581 metros de altura localizada na província de Vayots Dzor, a noroeste do vilarejo Herher. Essa montanha de formato cônico, com uma cratera de aproximadamente 125 metros de profundidade, há muito é associada a atividades vulcânicas. Registros históricos sugerem que sua última erupção ocorreu em 735 d.C., acompanhada por um terremoto catastrófico.

A erupção foi tão devastadora que deixou uma marca duradoura na história e no folclore da região. Segundo relatos, a erupção mergulhou a área em escuridão por quarenta dias, com terremotos sacudindo a terra como ondas em uma tempestade. A destruição foi imensa: montanhas desmoronaram, fontes de água foram soterradas e casas se transformaram em túmulos para seus habitantes. Os gritos de desespero dos sobreviventes deram origem ao nome “Vayots Dzor”, que significa “Vale das Lamentações”.

No entanto, estudos geológicos modernos contestam essa narrativa. Pesquisadores não encontraram evidências de erupções vulcânicas na Armênia nos últimos milênios, levando alguns a descartar a história de Vayotssar como um mito. Apesar disso, a montanha permanece como um símbolo do passado geológico turbulento da região e um lembrete do poder da natureza.

Vulcão Vayotssar

Nemrut: um vulcão jovem e ativo

Com 2.935 metros de altura (3.050 metros de acordo com fontes mais antigas), Nemrut é um dos vulcões ativos mais proeminentes do Planalto Armênio. Seu cume abriga uma enorme caldeira — uma depressão em forma de caldeirão formada pelo colapso de uma câmara magmática. As paredes internas da caldeira são íngremes, com profundidades de 600 a 800 metros, e sua cratera tem um diâmetro impressionante de 8 quilômetros.

Nemrut é um vulcão vivo, com gases quentes, vapor e águas ricas em minerais escapando continuamente de suas encostas e cratera. No lado oeste da cratera, a uma altitude de 2.500 metros, está um belo lago de cratera com uma área de 9 quilômetros quadrados. Esse lago é um testemunho do passado vulcânico de Nemrut, já que fluxos de lava basáltica do vulcão bloquearam o fluxo de água, levando à formação do Lago Van.

A última erupção registrada de Nemrut ocorreu em 1441, conforme documentado pelo cientista britânico F. Oswald durante sua participação na expedição científica armênia de H. F. Lynch em 1898. O trabalho de Oswald, incluindo seu mapa geológico do Planalto Armênio publicado em 1907, continua sendo uma referência valiosa para entender a atividade vulcânica da região.

O impressionante vulcão Nemrut

Tondrak: uma fornalha em pleno planalto

Com 3.533 metros de altitude, Tondrak é outro vulcão ativo do Planalto Armênio. Seu nome, derivado da palavra armênia “tonir” (um forno de barro), reflete sua natureza ardente. A cratera do vulcão, com 350 metros de profundidade, é fonte de numerosas nascentes termais e emissões de gases, que são evidências da atividade geotérmica contínua do vulcão.

Embora Tondrak não tenha mais gêiseres, como observado pelo geógrafo Élisée Reclus no século XIX, ele continua a liberar gases quentes e águas ricas em minerais. Registros históricos indicam que Tondrak foi altamente ativo na década de 1550, com sua última erupção ocorrendo em 1855. As encostas sul do vulcão são cortadas pelo rio Berkri e seus afluentes, enquanto o cume exibe vestígios de antigas glaciações, aumentando sua importância geológica.

Vulcão Tondrak visto do espaço

 

O legado dos vulcões

Os vulcões ativos do Planalto Armênio são mais do que simples características geológicas — eles são lembretes vivos da natureza dinâmica da Terra. Dos picos imponentes de Nemrut e Tondrak ao enigmático Vayotssar, esses vulcões contam uma história de criação, destruição e renovação. Eles moldaram a paisagem, influenciaram a história da região e continuam a inspirar admiração e curiosidade.

Para aventureiros e cientistas, o Planalto Armênio oferece uma oportunidade única de explorar as forças que moldaram nosso planeta. Seja escalando as encostas acidentadas de Nemrut, maravilhando-se com Tondrak ou desvendando os mistérios de Vayotssar, os visitantes dessa região certamente ficarão cativados por suas maravilhas vulcânicas.

Uma coisa é certa: o Planalto Armênio é uma terra de contrastes, onde mitos antigos e ciência moderna se encontram. Seus vulcões ativos, com suas paisagens dramáticas e histórias ricas, são um testemunho da importância geológica da região. À medida que as pesquisas continuam, esses vulcões certamente revelarão ainda mais sobre o funcionamento interno da Terra, garantindo que o Planalto Armênio permaneça um ponto focal para a exploração científica e a admiração da natureza.

 

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