A Armênia nos mapas mais antigos do mundo

O povo armênio é um dos mais antigos do mundo e, com mais de 4 mil anos de história, aparece em diversos mapas, incluindo o mapa mais antigo do mundo.

A Armênia, desde os tempos mais remotos, aparece em mapas e textos antigos, seja como um reino independente, seja como uma região dividida entre impérios poderosos. Mas uma coisa é certa: o nome Hayastan (Armênia, em armênio) nunca desapareceu. Esse nome está presente e ecoa desde os mapas babilônicos, dos gregos e dos romanos, até mapas mais modernos. Todos esses são, sem dúvidas, um testemunho de uma nação que resistiu ao tempo e todas as ameaças que até hoje acontecem.

Conheça abaixo alguns desses mapas que mostram a riqueza da impressionante história armênia.

A Tábua de Argila Babilônica: o mapa mais antigo do mundo (século VI a.C.)

Imagine um pedaço de argila, criado há mais de 2.500 anos, contendo o que muitos consideram o mapa mais antigo do mundo. Essa relíquia, descoberta no século XIX no Iraque, hoje está guardada no Museu Britânico, em Londres. Ela nos transporta para o século VI a.C., quando os babilônios tentavam representar o mundo como eles o conheciam.

Nesse mapa, a Armênia aparece sob o nome de Urartu, uma referência ao antigo reino de Ararat – o Reino de Urartu, ou Ararat, existiu entre os Séculos IX a.C. e VI a.C. e seu povo deu origem aos armênios.

É importante destacar que, dos países mencionados na tábua, a Armênia é o único que existe até hoje; todos os outros desapareceram, engolidos pelo tempo e pelas mudanças geopolíticas.

O cartógrafo Rouben Galichian explica que o mapa retrata o mundo como um círculo cercado por águas “amargas”, com sete ilhas misteriosas. No centro está a Babilônia e ao seu lado, a Armênia e a Assíria. O rio Eufrates, que nasce nas montanhas da Armênia, serpenteia pelo mapa, passando por Babilônia e chegando até o Golfo Pérsico. No verso da tábua, há descrições de criaturas fantásticas que habitariam essas ilhas distantes. É uma visão fascinante, cheia de mistério e simbolismo.

O mapa mais antigo do mundo, que está exposto no Museu Britânico, em Londres

Heródoto e a centralidade da Armênia (século V a.C.)

Heródoto, considerado o “Pai da História”, também deixou sua marca na cartografia. Um mapa baseado em suas descrições, editado por Charles Muller e publicado no Atlas de Smith, mostra a Armênia em uma posição central entre os países da época. Esse mapa, que também pertence ao Museu Britânico, reflete a importância estratégica da Armênia no mundo antigo. Não era apenas um ponto no mapa; era um elo entre o Oriente e o Ocidente, uma terra de passagem e de conexões.

Mapa com a Armênia em destaque, ao centro

Eratóstenes e a ciência da geografia (séculos III-II a.C.)

Eratóstenes, o sábio grego que calculou a circunferência da Terra com impressionante precisão, também contribuiu para a representação da Armênia. Um mapa reconstruído por ele foi redesenhado pelo cartógrafo alemão Karl von Spruner em 1855. Hoje, essa obra faz parte da coleção pessoal de Rouben Galichian e está no Matenadaran, o Instituto de Manuscritos Antigos da Armênia. Nele, a Armênia aparece como uma região proeminente, cercada pelos mares Negro e Cáspio.

Eratosthenes, 3-2 century BC

Mapa do alemão Karl von Spruner

 Estrabão e a geografia da Armênia (século I a.C.)

Estrabão, outro gigante da geografia antiga, dedicou parte de sua obra Geographica à Armênia. Baseado nesses escritos, o cartógrafo britânico John Murray criou um mapa que destaca a localização estratégica da Armênia. Editado por Charles Muller, esse mapa nos mostra como a Armênia era vista como uma ponte entre culturas e impérios.

O mundo de acordo com Estrabão

Cláudio Ptolomeu: o mestre da cartografia antiga (século II d.C.)

Cláudio Ptolomeu foi um dos maiores geógrafos da antiguidade. Sua obra Geografia, composta por oito volumes, inclui descrições detalhadas da Armênia. Um de seus mapas, desenhado por Martin Waldseemüller e publicado por Schott em 1513, mostra o mundo rodeado por ventos e dividido em zonas climáticas. A Grande Armênia e a Pequena Armênia estão claramente marcadas entre os mares Negro e Cáspio. Pertencente ao – já sabemos quem – Museu Britânico, esse mapa é uma verdadeira joia da cartografia antiga.

Claudius Ptolemy (2nd century)Mapa de Cláudio Ptolomeu

Esse não foi a única representação da Armênia por Cláudio Ptolomeu. Em outro mapa, podemos ver no centro do atlas, em branco, a Grande Armênia (Armênia Maior), que faz fronteira com a Assíria no Sul, com a Armênia Menor no oeste e com a Cólquida (Abkhazia), e ao norte com a Albânia e com a Península Ibérica (Virk) – é importante destacar que essa Península Ibérica é diferente da Península Ibérica que engloba Portugal e Espanha.

Claudius Ptolemy (2nd century)Outro mapa de Claudio Ptolomeu

Territórios Conquistados por Alexandre, o Grande (1595)

Um mapa publicado em latim em Amsterdã, que é parte de um atlas de Abraham Ortelius, retrata as conquistas de Alexandre, o Grande, incluindo a Grande Armênia. Esse mapa, guardado Biblioteca Britânica, em Londres, mostra a extensão do império de Alexandre e a posição estratégica da Armênia em suas campanhas.

Countries occupied by Alexander the GreatMapa de 1595 representa a Armênia

Mapa da Terra Santa ou o “Paraíso Terrestre” (1657)

Desenhado por Nicolaes Visscher, este mapa combina geografia real e bíblica. Mais especificamente, o mapa cobre a área entre o Mar Mediterrâneo e o Golfo Pérsico, e o proeminente Éden, localizado perto da cidade de Babel (Babilônia). O título lindamente decorado é cercado por imagens de cenas do Éden em ambos os lados. O mapa em si é incrivelmente criado; nele,você encontrará a Terra de Nod, o Jardim do Éden, a Torre de Babel e outros lugares semi-míticos. O mapa foi desenhado por Visscher como parte de uma série de cinco partes de mapas a serem incluídos na Bíblia de Abraham Van den Brock escrita em 1657. Esta é a primeira edição desta importante série de mapas que formou a base de muitos outros mapas bíblicos que apareceram no século XVIII.

Map of the Holy Land or the "Earthly Paradise"Mapa de Nicolaes Visscher

Mapa do Paraíso Terrestre (1780)

Este mapa, feito pelo inglês Emanuel Bowen, é baseado em crenças religiosas. Ele localiza o Paraíso Terrestre (Éden) no território da Armênia, entre os lagos Van e Kaputan. Quatro rios bíblicos — Araxes (Gihon), Pishon, Eufrates e Tigre — fluem do Éden. No centro do mapa está o Monte Ararat, um símbolo eterno da Armênia.

Map of the Terrestrial ParadiseMapa do inglês Emanuel Bowen

Mapa da Armênia inspirado pelo trabalho de armênios (1751)

Publicado em Veneza no século XVIII, este mapa é considerado por muitos como uma reconstrução do perdido “Ashkharhatsuyts” de Ananias de Shirak, um dos primeiros geógrafos armênios. Ele reflete a evolução do conhecimento cartográfico sobre a Armênia ao longo dos séculos.

Armenia in ancient mapsMapa em armênio feito em Veneza, em 1751

A presença da Armênia nos mapas antigos não é apenas uma curiosidade geográfica ou uma coincidência; é um testemunho da rica e importante história armênia. Desde as tábuas de argila babilônicas até os mapas renascentistas, a Armênia sempre esteve lá. O que esses mapas nos lembram é que a história da Armênia é, em muitos aspectos, a história do próprio mundo.

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